É viver feliz por vencer todos os dias esta batalha, é dar importância aquilo que tem importância, é separar o que é realmente importante daquilo que é acessório, é valorizar os pequenos gestos e as pequenas coisa da vida. O cancro é também uma lição de vida e de humildade que nos torna melhores e nos purifica. É pôr à prova a nossa vontade de viver, é pensar também nos que já partiram e que um dia partimos para junto deles. Enfrentar a morte e pensar que podemos morrer torna-nos mais resistentes e desperta-nos para as pequenas coisas da vida. Viver depois do cancro também implica sentirmos sempre que estamos em risco, é um desafio permanente que nos faz sentir felizes com os pequenos acontecimentos do dia a dia. Apercebe-mo-nos que não podemos viver uns sem os outros, torna-nos de facto numa pessoa melhor.
A vida continua e ela deve ser vivida o melhor possível e eu continuarei a cuidar de mim como antes, continuarei a ser vaidosa e a apreciar as coisas boas da vida. Considero-me um bom exemplo de doente porque apesar de ter passado pelas mesmas fases que qualquer doente oncológico passa: o choque da notícia, a não aceitação e a aceitação, não me sinto revoltada. Em junho de 2014 quando fiz as 15 sessões de radioterapia não deixei de apanhar sol, de passear, de ir à praia que tanto adoro. Quando fazia as sessões de radioterapia era recebida sempre com um sorriso e um elogio a propósito dos meus vestidos que todos os dias eram diferentes. Ali não me sentia doente, até me esquecia que estava a tratar um cancro.
Fez um ano no dia 5 deste mês que me foi comunicado que tinha um carcinoma ductal invasivo na mama direita e apesar de me ter sido dito que era dos menos agressivos, localizado e de grau 1, não pude deixar de ter medo e pensar que podia morrer.
Passado 1 ano sinto-me restabelecida e com muita vontade de viver e aproveitar a vida o melhor possível. Inspirada no filme a"A vida é bela" tento tirar o melhor partido dela e sou uma pessoa feliz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário